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O Patrono

Patrono do nosso Agrupamento

Foto de José Maria Ferreira de Castro

 

Capa do livro Os Fragmentos

(1898-1911)

O homem ama na terra natal os seus hábitos, se ali reside ou residiu muito tempo; ama a sua casa e o seu agro, se os tem; e ama, sobretudo, a sua infância, que lhe comandará a vida inteira e se amalgama com o drama biológico do envelhecimento e morte. Ama esse período da sua existência por saber que jamais voltará a vivê-lo; e essa certeza de irrecuperabilidade embeleza-lhe o cenário nativo e valoriza-lhe os anos infantis, mesmo se neles conheceu a miséria, os trabalhos prematuros, as opressões e as humilhações impostas pelos adultos.

Ferreira de Castro,
"A Aldeia Nativa", Os Fragmentos

Nasceu a 24 de Maio de 1898, na aldeia de Salgueiros, freguesia de Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis. Era o filho mais velho de José Eustáquio Ferreira de Castro - que faleceu quando o futuro escritor tinha oito anos - e de Maria Rosa Soares de Castro. Desde muito novo que se interessou por todas "as obras de cordel apregoadas nos mercados. Anos mais tarde , o escritor recordava":

«"A História do João Soldado" e outros folhetos, que se vendiam nas feiras, passaram a ser para mim tão fascinadores como os doces, os camarões e os fogos de S. João, que ali se queimavam no carnaval. Que pena não ter dinheiro para comprar todos esses livrecos que se vendiam juntamente com o "Borda de Água" e medalhas bentas

Texto Memorialístico em Ferreira de Castro e a sua Obra, Livraria Civilização, Porto, 1931

Os primeiros anos foram de intensa comunhão com a Natureza envolvente. Trilhava os caminhos, deambulava por entre as árvores, quedava-se à borda do Caima,

«minha paixão de água azul, fleumática, reflectindo a longa teoria dos amieiros ribeirinhos, enquanto deslizava para as lonjuras que ela desconhecia, que eu desconhecia também e já nesse tempo amava com veemência».

"A Aldeia Nativa", Obras de Ferreira de Castro, Vol. IV, Livraria Lello & Irmão, Porto, 1975, p. 1131

Um amor pueril iria dar novo rumo à sua vida. Apaixonara-se por Margarida, que aos 18 anos pouco ligava à criança que ele, com pouco mais de dez, ainda era. Um acto temerário agigantá-lo-ia, decerto, aos olhos de Margarida. Decidiu, a exemplo do que faziam muitos homens e rapazes da sua idade, emigrar para o Brazil, proeza que espantaria tudo e todos.
No dia da Partida, porém, Margarida não estava lá.


IntroduçãoPágina 2 de 7No Brasil
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